Dos primitivos panos da Antigüidade às novidades sintéticas
do século 20, uma trajetória de (des) conforto e sensualidade.
Uma história bem antiga
Os primeiros registros que mostram modelos de "calcinhas" datam
do ano 40 A.C., em Roma. Pedaços de algodão, linho ou lã
eram amarrados ao corpo como fraldas. Faixas de pano também eram amarradas
na altura dos seios. O uso de uma espécie de calção,
inspirado nos culotes masculinos, foi introduzido no século XVI por
Catarina de Médicis, que o utilizava para montar a cavalo. A partir
desse século, a roupa íntima feminina, mais elaborada e produzida
com tecidos claros, começou a distinguir-se mais da masculina, apertando
mais a cintura e os seios, dando a impressão de quadris bem largos.
O desconforto do espartilho
No século XVII surgiu na Espanha o famoso espartilho, feito de tecido
rígido que cobria apenas o abdômen com o objetivo de disfarçar
as formas. Cada vez mais apertada para modelar o corpo, essa peça acabou
obrigatória para mulheres, provocando desconforto e não raros
desmaios. Os modelos que enclausuravam a mulher, achatando o busto, se consagraram
nesse período. Uma longa camisa rendada isolava do corpo o corpete
- uma verdadeira armadura que o moldava. Anáguas e calçolas
completavam a indumentária feminina do século XIX.
O primeiro soutien
No final de século XIX, foi criado na França o precursor do
soutien, numa tentativa de oferecer às mulheres mais conforto do que
o repressor espartilho. A boutique de Heminie Cadolle elaborou um modelo em
tecido à base de algodão e seda, semelhante aos modelos atuais.
Em 1914 o soutien foi devidamente reconhecido e patenteado nos Estados Unidos
pela socialite nova-iorquina Mary Phelps Jacob. Era feito com dois lenços,
um pedaço de fita cor-de-rosa e um pouco de cordão. Ela resolveu
vender a patente a uma fábrica de roupas femininas, a Warner Brothers
Corset Company, por 15 mil dólares da época. Era o início
da industrialização do lingerie, porém havia poucas opções
de tamanho e o ajuste era feito por presilhas nas alças.
Sensualidade explorada
A década de 80 a cantora Madonna consagrou a exposição
da lingerie, usando soutiens, corpetes e cintas-ligas como roupas, e não
mais como underwear (roupa de baixo). O público feminino adotou a idéia
e a explora até hoje. A indústria de lingerie, por sua vez,
elabora modelos cada vez mais sensuais e de materiais confortáveis.
Transparências passaram a revelar belos soutiens e corseletes, usados
até mesmo em ocasiões formais. Perto do ano 2000, as alcinhas
de soutien são propositadamente deixadas à mostra. Revelando
que as roupas íntimas estão longe de servir apenas para manter
a higiene e conforto das mulheres.
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